12 de junho de 2007

O Videoclipe

Nos últimos 20 anos a cultura musical viveu intimamente com uma vertente visual propagada pelos raios catódicos (CRT=monitor convencional) dum aparelho que se tinha massificado exponencialmente à escala mundial.

De facto, a televisão já há muito tinha alcançado um estatuto destacado como meio de comunicação e a indústria musical começou a tirar partido disso, mas desde então de forma inusitada.

A especificidade desse veículo audiovisual ajudou a projectar uma imagética particular no contexto da cultura contemporânea, alterando a forma como os temas musicais, nomeadamente aqueles de cariz mais populares, passaram a ser apreciados pelas pessoas.

É como apêndice (clip) propagandístico da canção pop que toma forma um novo producto audiovisual que tem marcado gerações inteiras, sob o nome internacional de “videoclipe” e que entre nós ficou vulgarmente conhecido como “teledisco”.

Se, numa primeira fase, os videoclipes se limitavam a apresentar os intérpretes a executar o tema, depressa foram evoluindo no sentido de uma maior complexidade. Adoptando métodos visuais de características únicas, tornaram-se num campo de experimentações singulares ao ponto de se autonomizarem num género audiovisual distinto.

Uma nova “imagem” associada à música emergiu no consciente do telespectador e consequentemente uma estética própria implantou-se.

Na sua essência híbrida, em que alia um compromisso comercial com um vincado sentido artístico, configura hoje uma atitude expressiva diferenciadora no contexto artístico contemporâneo. Mas, pelo seu carácter apropriador e compilador de referências culturais com carga semiótica excessiva, em efusão visualista, e comprimidas em poucos minutos, poderemos considerar o Videoclipe como uma das mais puras formas de arte pós-modernas.

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