12 de julho de 2007

"...uma espécie de prefácio"

"Não estamos fascinados pela expressão da imagem, mas sim pelo que podemos fazer com ela".

Era assim na década de 80. Volta a ser assim, na primeira década do século XXI. Com uma poderosa diferença: o " poder digital" está na rua, na ponta de uma câmara de telemóvel G4, ou aos ombros de um upload, ou numa estação de televisão com " milhões de canais" como o You Tube.

Os tempos interessantes que vivemos, "exigem" uma celebração da sua vitalidade, mas e ao mesmo tempo, um "porto de abrigo" das convulsões estéticas, económicas e tecnológicas que provocam, e a alucinante ruptura estruturante que anunciam...

Alguém disse um dia, que o acto de ver cinema exige uma espécie de sacralização ritualizada; por outro lado, ver vídeos musicais, é, ou melhor, era e apenas uma parte da experiência diária do espectador, um acto de magia branca, assente na inesgotável reprodução de efeitos tecnológicos, que pode ser usufruido em qualquer momento e lugar.

Os videoclipes não "assassinaram" a estrela de rádio, como anunciava a " cantiga" dos Buggles. Mas alteraram, como se fossem um "virus trojan" dos nossos dias, a velha ordem analógica, em que a indústria de conteúdos audiovisuais se alicerçou desde os anos 20 do século passado...

Não é necessária muita e delirante imaginação digital, para apreendermos que duas décadas depois, estamos numa encruzilhada semelhante: serão outros os inesgotáveis efeitos tecnológicos, é certo. Mas a sensação de novos tempos é exactamente a mesma: para muitos observadores, 2007, é uma espécie de ano zero, da "nova era": auto expressão em estilo G4; "Hollywood" caseira , na palma de um laptop...

Tempos assim, os dias digitais que vivemos, exigem um Festival. Como este que se apresenta em 2007, a partir da Póvoa de Varzim. Em Portugal.

Álvaro Costa
(jornalista)

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